Antonio Pedro Galdino
Casado com Iracema,
Pai duma filha donzela
Linda como no cinema
Fazendeiro importante
Dono de terra abundante
Tinha a vida sem problema.
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Morava numa fazenda
Com a mulher e sua filha
A mocinha era o xodó
Chamada Maria Cecília
Estava na flor da idade
Mantinha sua virgindade
Era o orgulho da família.
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A menina era um frescor
Com quinze anos estava
Uma flor desabrochando
E No amor ela pensava
queria príncipe encantado
No seu cavalo montado
Com isso ela sonhava.
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Numa manhã de domingo
Um belo moço apareceu
Parou naquela fazenda
Dizendo que se perdeu
Montava um cavalo alazão
Era jovem e bonitão
Cujo nome era Alfeu.
05
Alfeu passava as férias
Na fazenda do vizinho
Era longe muitas léguas
E Tinha errado o caminho
Só queria descansar
Dormir e se alimentar
Depois voltava sozinho.
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Galdino era hospitaleiro
Mandou Alfeu apear
Dando-lhe as boas vindas
E pedindo pra sentar
Apresentou-se ao moço
Mandou servi-lhe almoço
Para ele se alimentar.
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Depois de comer bastante
Na rede ele se deitou
Cansado ferrou no sono
Cecília se aproximou
E logo ficou encantada
Sorrindo e apaixonada
Na hora a menina gamou.
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De tão cansado que estava
Só acordou no outro dia
Após tomar seu café
De todos se despedia
Cecília lhe convidou
E ele logo aceitou
Pra lhe fazer companhia.
09
Ficou por lá uma semana
Andaram pra todos lados
Tiraram fotografias
como dois namorados
Os pais queriam o namoro
Mas achava um desaforo
Eles sempre atracados.
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Na hora que foi embora
Falou que iria voltar
Resolveria um assunto
Para depois retornar
Jurando sua paixão
Voltaria para o sertão
Para depois se casar.
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Alfeu na pressa esqueceu
Mochila e um documento
Cecília lá encontrou
Certidão de casamento
Era um homem casado
Um grande cara safado
Pessoa sem sentimento.
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Um mês já tinha passado
Cecília vivia chorando
A mãe já desconfiada
Chamou e foi perguntado
O que tinha acontecido
Se Alfeu tinha bulido
No quela tava pensando.
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A menina envergonhada
Para mãe foi confessando
Entregou-se para Alfeu
Porque já estava amando
E por ele foi deflorada
Disse que não sabia nada
Ele estava lhe enganando.
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A menina continuou
Com toda sua timidez
Disse que sentiu enjôo
Não era a primeira vez
Agora vivia com fome
Essa coisa tinha nome
Chamava-se gravidez.
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Dona Iracema decidiu
Contar para seu marido
O caso era complicado
Não podia ser escondido
Algo tinha que ser feito
Seu esposo era direito
Mas ia ficar ofendido.
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Antonio Pedro Galdino
Quando soube do ocorrido
Botou fogo pela venta
Virou um louco varrido
Jurou que ia se vingar
Mas sem suas mãos sujar
Contratando um bandido.
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Falou que na sua família
Mulher não é desonrada
Alfeu não podia casar
A filha será vingada
Contratou um matador
Pra matar o comedor
Trazendo a orelha empalhada.
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Galdino ficou sabendo
Pros lados de limoeiro
Tinha um de olho de gato
Era o melhor pistoleiro
Depois de um homem jurar
Aquele, ele ia matar
Era só lhe dá dinheiro.
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Contratou o matador
Que se chamava Zé preá
Perguntou pro facínora
Quanto queria ganhar
Para acabar cum safado
Queria o preço acertado
O dinheiro ia adiantar.
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Depois de tudo acertado
Uma foto ele queria
Pois precisava odiar
O homem da fotografia
Só desse jeito matava
Depois a orelha cortava
E empalhada ele trazia.
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Foi Iracema quem lembrou
O filme quele esqueceu
Logo mandou revelar
E rosto dele apareceu
Vinte fotos escolhidas
Para o matador cedidas
As melhores do Alceu.
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O bandido viu as fotos
E em seguida falou
Vou matar todos eles
E em seguida jurou
Galdino não entendeu
Ele só queria o Alceu
E mesmo assim se calou.
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Zé preá montou no cavalo
Nera homem de conversa
logo sumiu na estrada
Sem nada que lhe impeça
Antes falou pra Galdino
Só volto quando termino
Eu só trabalho sem pressa.
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Depois de passar meses
Sem noticias de Zé Preá
Galdino estava ansioso
Mas tinha que esperar
O homem era competente
Deixava o freguês contente
Não costumava falhar.
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A barriga da Cecília
Já estava aparecendo
Em estado adiantado
Continuava crescendo
Zé preá não aparecia
Galdino numa agonia
Ficava ali remoendo.
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Iracema lhe acalmava
Pedia pra ter paciência
E dizia quele voltava
pois tinha eficiência
Alfeu já devia tá morto
Pra nunca mais dá desgosto
Zé Preá tem experiência.
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Um amigo de Galdino
Chegou e foi relatando
Avisou que o matador
Logo estaria voltando
Eles tinham se encontrado
O Zé havia lhe contado
Que logo estaria chegando.
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Quando Zé preá chegou
Tinha até uma recepção
O matador entregou
Falou com satisfação
Todos os vinte eu matei
Por isso que demorei
Mas completei a missão.
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Vinte orelhas entregou
Causando admiração
Galdino agora entendia
Toda aquela situação
Pra cada foto, um matou
Galdino não lhe explicou
Quera o mesmo garanhão.
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O matado enlouqueceu
Por dezenove matar
eles eram inocentes
Nem podia acreditar
a sua profissão acabou
meio louco desandou
O povo queria internar.
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Quando foi esclarecido
O Zé preá se matou
Galdino virou romeiro
E sua mulher se mandou
Cecília vive sozinha
Na zona como galinha
E seu filho ela abortou.
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Essa e a triste história
Da Cecília e do Alfeu
De Zé preá o matador
E do engano que se deu
Matou gente inocente
Depois de ficar demente
Enlouqueceu e morreu.
